terça-feira, 1 de março de 2011

É uma foto, dá uma história, I.



Homem no corredor.

Os passos dele ecoavam pelo longo corredor feito de pedras acinzentadas, enquanto ele caminhava por entre trechos de sombras e luz, nenhum outro som além de seu coração batendo descompassado por ele era ouvido. Deixou para trás um quarto bagunçado, livros espalhados pelo chão, a tela de um computador estilhaçada, um copo de vinho tinto esvaindo-se sobre uma pequena mesa de formato redondo, pingando sobre o belo tapete marrom com manchas disformes de um tom bege. Misturava-se ao vinho a poça de sangue de uma figura feminina, sentada em uma bela de madeira nobre forrada com veludo verde musgo, a cabeça dela pendia para o lado esquerdo, cachos de um loiro claro pendiam levemente desalinhados, ele pegou-a pelos cabelos usou de força e deixou um sutil corte em seu pescoço. Ela agonizou por alguns segundos, e suspirou pela última vez chamando por Deus, pois, o próprio Diabo estava junto dela ali naquela sala iluminada por dois castiçais de prata, oito vela, quatro em cada objeto, um sobre a mesa do computador e outro sobre a mesinha em que estava a garrafa de vinho e a taça caída. A taça dele permanecia agora junto às chamas da lareira, única testemunha, e suas únicas palavras eram na linguagem dos crispar da madeira seca, queimando com avidez, em menos de três horas não haveria mais fogo naquele cômodo. Se alguém passasse ali pelo corredor veria ao longe uma figura masculina sumindo pintada de negro encoberta pelas gentis sombras que tratam de acolher aqueles que prezam por sua silenciosa companhia.

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