terça-feira, 10 de maio de 2011

Adeus.


Na dor e no amor.

Sem a face exposta, mas guardada na mente.
Dentro do coração, ficam as lembranças.
Do mais alto lugar, ele observa a imensidão.
Entre as nuvens talvez esteja, sentado.

Aqui embaixo ficamos perguntando, onde pode estar?
É a pergunta que fica no ar, no azul do céu, no dia nublado.
Quando eles se vão, pra onde vão? Seria bom saber.
Só ficamos procurando, e só os achamos nas lágrimas.

Lágrimas quem vem do que é lembrado, bom ou mau.
Depois da despedida, queremos um novo encontro.
Desejamos que abrissem a porta, e voltassem pra casa.
Mas a única morada será nossa alma, pra sempre.

Vive agora no Eterno, lá tem nova morada.
Ficamos aqui, tudo igual, só sentindo a falta.
Pode apenas ficar nos olhando, nos proteger do mal.
Ficamos pedindo que estejam bem, de nós lembrando.

Está sozinho, tem medo, sente frio? Nunca vamos saber.
Só lembrar-se dos abraços quentes, que afastavam o medo.
E das horas apenas olhando um para o outro, boa companhia.
Horas que foram e não voltam, mas marcam na pele, na alma.

Quando a noite chegar e o sol raiar, de ti vamos lembrar.
Pedindo que estejas bem, pois nós tentaremos ficar.
Vida foi, mas aqui continua. Persevera, ora, faz uma prece.
Olhos fechados, vendo por dentro. Um breve adeus, um longo pesar.

Vai, fica bem é o que desejamos. Alegria e amor nos deu, agora descansa em eterna paz.

sábado, 30 de abril de 2011

Jogados fora


Aborto de humanidade

Num momento sombrio, preto e branco são as cores certas.
O sangue das veias agora está exposto, encobrindo nosso corpo.
Jazemos feridos, humilhados e sujos, a vida não nos é mais uma oferta.
Não sou um, somos vários, deveríamos ser vida, mas não passamos de um aborto.

Ficamos por meses junto do conforto do ventre de nossa criadora.
Segurança maior não há, mas também tudo que ocorre a ela sentimos.
Essa ligação divina, elo invisível de amor, e acabamos sendo sua maior vergonha.
Não temos poder sob nossa vida, não passamos de seres desprevidos.

Somos feitos aos pedaços, somos derretidos, somos rejeitados.
Não sentimos ira e o choro é nosso único meio de revolta.
Do lugar mais seguro do mundo fomos à força, arrancados.
Nossas partes dilaceradas, de nossos corações ninguém se recorda.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mulheres


Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

[Lya Luft]

Falsidade


Mascará e Rosa em pedaços

O branco e o vermelho. Das cores da paz e a paixão.
A máscara nossa de cada dia. Em retalhos agora está.
Jaz sobre a beleza de uma rosa. Pétalas jogadas estão.
O olhar vazio o Nada indica. Nada a fazer, morrer na solidão?

Paz que sempre é buscada, mas difícil ser mantida.
Paixão a cada toque e em cada conquista, trás satisfação.
Branco de cor pura, de paz, de liberdade, cor desimpedida.
Vermelho de cor intensa, de auge, de delírio, cor de ilusão.

Cada um mascarado está, quanto tempo a máscara ira usar?
Aqui jaz o perigo ser o que cada um é de verdade. Sinceridade.
Quando a tiramos, assumimos riscos, temos perdas e ganhos.
Quando a cortamos damos um fim, usada não mais será.

Máscara e rosa, misto de beleza e igualdade, um Uno em dois.
Cada qual possui seus espinhos e seus encantos, e doem.
A Rosa de perfumes, cores, formas inexatas e vaidade.
A Máscara de falsidades, mentiras, de forma indeterminada e dualidade.

Faltam aos olhos visão, diante do que somos e não devemos ser?
Falta algo em cada um de nós para o Vazio poder preencher?
Há visão, mas não há vontade de ver. Negação.
Há Tudo, mas não há o desejo de ter. Solidão.

Arranque as pétalas da Rosa, jogue-as ao vento.
Tire a Máscara e corte-a, jogue-a ao chão.
A beleza agora foi feita em pedaços, houve dispersão.
A falsidade foi retalhada, houve cortes e não haverá mais punição.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Prece



Olhar de Prece

De olhos fechados, fechados pra tudo que vê.
A expressão é serena, na face é incerta.
Faz a prece diária, com fervor, que queima.
Toca o rosto, toca o vento, toque se faz.

Por trás dos olhos, o que há, pergunta-se.
Dentro, na mente, na alma acha a resposta.
Loucuras, desejos, sonhos e anseios, o Tudo.
Oculto, em sombras, perdido em caminhos estreitos.

Serenidade que esconde os medos, no olhar, do olhar.
Do ver verdadeiro, do ver sem a máscara, chega de freios.
Do sorriso a lágrima, da lágrima a boca, da boca o gosto.
Da incerta até chegar ao certo, no correto, no que deve ser feito.

Na prece, na oração e no pedido, o mesmo se quer.
Felicidade, amor, prosperidade, mas temos fé pra alcançar?
Fé é crer no que não se vê, ter certeza do incerto.
Ver o que não há diante dos nossos olhos, fogo que queima sem arder.

É como o vento, sem forma, sem cor, somente sentindo o Tudo.
Do toque, a alma, a mente, a pele, o sangue, um conjunto.
É o que somos não o que buscamos, não o que há dentro, infinito.
Sensível, de jeito forte, sereno, nada abranda, quando invocado.

Somente um olhar a outro pode decifrar. Verdade.
Mergulhando no revolto mar interior. Alheio.
Terás o que pede, achará nem sempre o que quer. Força.
Não pode ser visto, mas pode tocar na alma. Fé.

Ter a fé preciosa ferramenta, ter sonhos o combustível pra alma.


Ps.: Terceira leitura de foto.

Coração nas Sombras


Luz, sombras e perguntas.

Ao fundo o escuro, das sombras do lugar.
Em frente à luz, das formas dos corações.
Entre eles o nada, junto ao Tudo no ar.
No quadro todo, a beleza da mistura dos dois.

E no escuro ficam as dúvidas, as várias perguntas.
Que não calam, que nem sempre tem respostas.
Não há nada, ou não se quer ver nada?
Ver pra crer, é uma lei, mas e quando não nada se vê?

Quebra o silêncio de trevas, chega à luz riscando o ar.
Chega formando as formas, chega dando vida e respostas.
Quando chega não tem forma, não pode ser tocado, só sinta.
No coração, quente, pulsar, joga fora as mentiras.

E do encontro da luz com as trevas, o que pode acontecer?
Junção de perigo, respostas são dadas a perguntas feitas.
Formas definidas e sentimentos não definidos, só sentidos.
Sinta com os olhos da alma, só assim vai entender.

Onde começa ou onde termina, isso nada importa.
O que vale é marca é como é o começo, do sentir e do desejo.
Do desejo, da saudade das mentiras e das verdades, das cores.
Do que é visto, num lampejo de uma fagulha, do coração o calor.

A menor chama de vela trás luz, o menor gesto trás o maior carinho.
Somente a Luz faz com que possamos ver, saber e ter certeza.
Há a mescla das sombras e da claridade, há visão e formas, perfeito.
Importante não é ver, mas ter a certeza de sentir, o Tudo.

Mas lembre-se no Tudo, também há dor, portanto saiba a quem seu coração ofertar.

Afundar


Chegando ao fundo, sem fim (?)


No lugar em que tudo perde as cores
Vou caindo, é lá que meus medos se escondem.
Daqui não sai mais sorrisos, local de tristeza
Na esquina dos desencantos, que ninguém deseja.

Nada ali é como eu quero, nem nunca foi.
Quando desço sem querer encontro o que arrepia.
Perco a gota de alegria, me cerca tudo que dói
Aqui se afasta de mim o que é parte da vida, magia.

Preciso encontrar a ponta da corda da felicidade, pra voltar.
Já cansei de estar ali, tenho que enfrentar o que me acua.
Que seja no Oceano da felicidade, se for pra mergulhar.
E ter na ponta dos dedos, a mesma luz da Lua.

Retorno, pra infestar a visão de cores
Ter coragem e se cair sempre se levante.
Desenha um sorriso em teus lábios, pra onde fores.
Leva no coração pelo muitos caminhos, a paz adiante.


Ps.: basicamente estes "poemas" são leituras de fotos que eu encontrava pela net.