sábado, 30 de abril de 2011

Jogados fora


Aborto de humanidade

Num momento sombrio, preto e branco são as cores certas.
O sangue das veias agora está exposto, encobrindo nosso corpo.
Jazemos feridos, humilhados e sujos, a vida não nos é mais uma oferta.
Não sou um, somos vários, deveríamos ser vida, mas não passamos de um aborto.

Ficamos por meses junto do conforto do ventre de nossa criadora.
Segurança maior não há, mas também tudo que ocorre a ela sentimos.
Essa ligação divina, elo invisível de amor, e acabamos sendo sua maior vergonha.
Não temos poder sob nossa vida, não passamos de seres desprevidos.

Somos feitos aos pedaços, somos derretidos, somos rejeitados.
Não sentimos ira e o choro é nosso único meio de revolta.
Do lugar mais seguro do mundo fomos à força, arrancados.
Nossas partes dilaceradas, de nossos corações ninguém se recorda.

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